domingo, 25 de setembro de 2016

Marilyn Manson - The Hig End of Low

"Você acha que o álbum é honesto, eu acho que o álbum poderia facilmente ser visto como uma mentira... Porque é muito focado onde minha cabeça estava no cinema. É em partes o fato que eu quase desisti da música e tentei focar toda minha energia em fazer um filme. Eu tendo a me rodear com isso, meus amigos não são atores ou diretores, ou pessoas envolvidas com isso, e aparece a questão, estou atuando no álbum? Estou dirigindo? E se eu estiver atuando, você não vai entender que pessoa é real – a personagem ou o ator? Torna-se realmente confuso. E nem tento e questiono isso."

Suicide Girls entrevista com Marilyn Manson, 2009. Trecho.


The High End of Low é o sétimo ábum de estúdio de Marilyn Manson, foi produzido por ele, Chris Vrenna e Twiggy Ramirez. Particularmente tenho uma relação muito próxima com esse disco pois era adolescente quando ganhei de um amigo e se trata sobre todo esse universo de descobertas, decepções, revoltas e amores. Digamos que é o último sopro adolescente de um indivíduo que tenta se descobrir em meio a intensidade, emoção e raiva. O disco foi lançado em maio de 2009 e marca o último trabalho com a gravadora de longa data, a Interscope Records, sendo um dos discos menos conhecidos, mas muito rico em arte e conceito, The High End of Low lembra o aclamado "Mechanical Animals" de 1998, tendo um toque mais realista em suas letras e passagens, apesar de ser praticamente um disco "encaixotado em um rolo de filme" como é conceituado, Manson procura fazer de seu filme uma realidade, vice-versa. Em entrevista a revista "SPIN" Manson disse: "É sobre cair em desgraça e tentar se fixar... É como passar através dos estágios de destruição e reconstrução".





O título do album foi baseado no aclamado filme "Tengoki To Jiogoku, dirigido por Akira Kurosawa, que traduzido para o inglês ficou "High and Low", só que de maneira literal significa "Heaven and Hell" (Céu e inferno), e é sobre isso que o disco fala, sobre a queda e a reconstrução do ser de maneiras diferentes.


SETLIST:

1. Devour
2. Pretty As A ($)
3. Leave A Scar
4. Four Rusted Horses
5. Arma-godaan-motherfuckin-geddon
6. Blank And White
7. Running To The Edge Of The World
8. I Want To Kill You Like They Do In The Movies
9. WOW
10. Wight Spider
11. Unkillable Monster
12. We're From America
13. I Have To Look Up Just To See The Hell
14. Into The Fire
15. 15

Singles:
Arma-godaan-motherfuckin-geddon
We're From America

VÍDEOS:

Arma goddamn motherfuckin geddon



O primeiro clipe foi o de "Arma-goddamn-motherfuckin-geddon" e mostra Manson como um ditador e ao mesmo tempo como um soldado em meio ao caos de uma cidade destruída, as dançarinas estão com os rostos pintados de "Blackface", uma maquiagem teatral que surgiu no vaudeville e que ele já tinha se apropriado bastante no álbum de 2003 "The Golden Age Of Grotesque". Manson revelou que o vídeo foi filmado por 30 ou 40 câmeras, mas apenas 2 dessas câmeras compõem as imagens vistas no vídeo final.
Dirigido por: Nathan Cox & Marilyn Manson

Versão alternativa do diretor:




Running To The Edge Of The World 



O vídeo de "Running to the Edge of the World" é basicamente focado no rosto de Manson com um véu tendo "flashes" de uma história em que ele violenta uma mulher até a morte. Provavelmente a atriz que aparece no clipe é uma representação de Evan Rachel Wood, com quem Manson estava namorando na época, e na minha interpretação é como se ele estivesse matando esse amor, só que no vídeo é mostrado de uma forma literal bruta. (O vídeo foi gravado em uma das vezes em que ele e Evan romperam). Também é interessante notar a semelhança do clipe com o filme "Psicopata Americano", em particular a cena em que Manson assina o livro de visitas com uma luva, de forma idêntica a Patrick Bateman - Christian Bale - no filme.
Dirigido por: Delaney Bishop

WOW



Em maio de 2010, um vídeo da música "WOW" foi lançado na conta do Myspace de Manson, o vídeo que foi dirigido por ele mesmo nada mais é do que uma repetição da atriz Evan Rachel Wood brincando com a alça de seu vestido, com uma maquiagem inspirada na "Dália Negra". Segundo a descrição do vídeo, o vídeo foi filmado em 2008, cerca de um ano antes do lançamento do álbum.
Dirigido por: Marilyn Manson


TURNÊ


A turnê do disco teve início em  03 de junho de 2009 e acabou em 21 de dezembro na França, passando pela Europa, América do norte, Japão e Austrália. O palco da turnê é repleto de luzes cinematográficas, a maquiagem é retocada no palco e assistentes ajudam com mudanças de figurino sendo observadas pelo público. A cada nova música um assistente bate a claquete mostrando que um novo ato vai começar, um filme inteiro se passa e Manson mostra toda a sua teatralidade palpável e crua.



Em 04 de dezembro de 2009 um novo ato final foi adicionado a turnê, quando um cadáver realista de Evan Rachel Wood apareceu ensaguentado em uma cama branca, fazendo uma representação fiel de suas idéias no clipe de "Running To The Edge of The World". Como Manson declarou em Junho de 2009: "Eu quero transferir minha parte doméstica para o palco. Quero borrar a linha entre minha arte e minha vida pessoal no palco." 



Como em um final alternativo, no último show da turnê, em 21 de dezembro, Manson canta "Devour" segurando uma rosa e a ofereceu a Evan que estava ao lado do palco durante a canção, pedindo ela em noivado na mesma noite, esse foi o final feliz de um filme que teve altos e baixos durante essa estrada.



Infelizmente a turnê não teve registro oficial, mas vários fãs fizeram filmagens ao redor do mundo, como você pode conferir aqui o último show em Paris completo:




Especula-se que o nome da turnê seria "Et Cetara Tour", embora nunca tenha se confirmado oficialmente.
Foi durante essa turnê que Manson escreveu as letras de seu próximo álbum "Born Villain" de 2012.


Eaí, curtiu? Marilyn Manson é um artista completo que junta música, conceito e teatralidade como poucos e em breve farei mais posts sobre ele! Quer saber mais a arte do "shock rocker"? É só entrar aqui nesses links para mais informações!






terça-feira, 13 de setembro de 2016

Entrevista com o vampiro apresenta: Ary Régis Lima

Ary Régis é um daqueles artistas que você precisa conhecer, natural de João Pessoa, ele enche nossos olhos das mais diversas maravilhas. Fotógrafo, contador de histórias pelo olhar, Ary cria o seu universo confabulando conceitos e histórias que nos fazem viajar pela sutileza de seu trabalho, compondo personagens e jardins cheios de emoção envoltos de magia e fantasia. É uma honra para mim estrear minha série "Entrevista com o vampiro" com um artista tão singular! Bom, vamos saber mais e finalmente adentrar em seu jardim dos sentidos:



LC - Ary, quando foi o seu primeiro contato com a fotografia?
Primeiramente #foratemer. Segundo, parabéns pela iniciativa de criar o Blog, Erick. É muito bacana e importante ter um espaço para divulgar e enaltecer cultura, arte e processos criativos. E obrigado pelo contive. Então, como vim do desenho, das artes plásticas, ilustrações de livros para mim sempre funcionaram como sintetizadoras de ideias. Podiam traduzir toda a essência de um texto apenas em uma imagem. Daí na época do velho Fotolog, muito mais do que publicar fotos, eu queria criar imagens que ilustrassem as ideias dos textos que eu escrevia. Foi aí que eu comecei a fotografar, produzir imagens. Algo bem parecido com o que faço hoje, mas sem a menor pretensão. Naquela época nem imaginava que fosse um dia virar fotógrafo. Achava que era uma coisa muito distante e complexa.

LC - Em que momento então caiu a ficha de que você havia se tornado fotógrafo?
Foi quando eu fotografei meu primeiro ensaio, pensado mesmo para ser um material fotográfico mais sério. Um amigo queria descolar uns trampos como modelo e eu me ofereci para dar uma força, fazer as fotos. Mas só quando terminou, que eu abri as fotos no computador, foi que caiu a ficha, pensei: “Acho que eu sei fazer isso”. E fui me encorajando a fazer outros experimentos.  



LC - Como você vê o cenário artístico de João Pessoa?
Então... apesar de já ter participado de alguns eventos, exposições coletivas, não me sinto com propriedade para opinar sobre (sendo bem Glória Pires no momento kkk). Até porque dentro do que eu faço, me sinto um pouco deslocado, saca? O meu processo nasceu na Web, só depois que partiu para o plano físico. Sou novo nas quebradas kkkkk. Mas existe uma sensação que é a de que existe muita potência criativa, porém cada um no quadrado do seu Ego, não sinto que exista um movimento, uma cena artística enquanto coletivo, pessoas dialogando sobre o fazer arte, sabe? Ao menos eu não conheço.



LC - Como é o seu processo criativo geralmente?
É sempre muito intuitivo. Eu até já fiz coisas onde sentei para pesquisar, conceituar, planejar. Mas os projetos que me deixam mais apaixonados são os que surgem à partir da intuição, mesmo. É quando eu ainda não sei no que vai resultar, mas à medida que vou produzindo, a coisa vai tomando corpo, ganhando forma. É como um mosaico feito de pequenos lampejos de inspiração, criando aos poucos um painel imagético que antes de qualquer coisa, diz muito mais sobre mim mesmo.
  
LC - Como você definiria então o trabalho que você faz hoje?
Voltando sobre o Fotolog, naquela época eu fui percebendo que a imagem, enquanto fotografia, ilustração e afins, tinha uma potência gigantesca que podia muito mais do que se propunha, por ter uma disseminação instantânea, alcançando um maior número de pessoas que qualquer outro tipo de arte. Mas só anos depois, inclusive depois de uma breve passagem pelo Teatro, eu fui descobrindo dentro do meu processo de ‘produzir imagem’, que eu poderia criar um produto híbrido, que tivesse um pouco de artes plásticas, do meu olhar sobre a beleza, da estética de moda vestindo uma certa teatralidade ou não, sem a pretensão de ser arte, mas com referências de arte. Com a leveza do entretenimento, mas esmero profundo em sua feitura. Acho que é por aí. A gente vive numa época onde tudo é tão veloz e as coisas precisam acontecer parece que todas ao mesmo tempo, que eu não acredito mais na arte que ficou presa nos redutos clássicos, sabe. Hoje penso que a arte tem que ir atrás do seu público. O cantor que disponibiliza o álbum para download free, que vende o cd na banca de revista, no teatro que é feito na rua, em exposições de arte montadas em espaços públicos.



LC - Quem te inspira no momento e porque? 
Lady Gaga, sempre. Porque sinto que ela precisa da arte para manter uma certa sanidade, saca? E eu me identifico porque se não estiver fazendo nada que envolva processos criativos, minha vida vira um tédio sem fim. O mundo é muito chato, viver é uma mesmice. Então preciso sublimar essa realidade dentro de algum processo criativo que me transporte uma dimensão mais divertida.


LC - Qual foi o trabalho mais complexo em termos de criação e execução? 
Todo trabalho tem um nível de complexidade, mas como eu tenho sempre uma visão aérea do todo, e um certo domínio da execução de suas camadas, nada me soa muito dificultoso, não. Agora, posso citar um desafio que foi um ensaio que fotografei a pedido de um amigo, onde eu só conheci a modelo na hora de fazer as fotos e o detalhe que ela estava passando por um processo de quimioterapia por conta de um câncer. Foi a primeira vez que eu não fazia a mínima ideia do que fazer e por onde começar. Mas a gente tinha uma praia bem a nossa frente e o mar é sempre uma ferramenta muito inspiradora, tanto que tudo foi fluindo de forma orgânica, aos poucos. Posso dizer que é um dos trabalhos mais sensíveis e tocantes.

LC - Pra fechar, me diga uma música, um clipe, um filme e um livro que te inspiram!
Vou citar duas músicas que também são dos clipes que mais me inspiram: "Ride" da Lana DeL Rey e "Marry The Nigth" da Gaga. "As Horas" é um filme mega deprê, mas que eu amo, até pelo fato de ser o filme adaptado do romance que supera a obra escrita. Caso raro, né? E livro, "O Alquimista" do Paulo Coelho, que sempre traz a velha máxima de que só somos felizes quando seguimos a nossa lenda pessoal. Não é o melhor livro que já li, mas o que mais me inspira.



Falou e disse Ary! Quer saber mais?
Insta - @aryregis

@bloglaranjacravo

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O que é laranja cravo?


LARANJA CRAVO - Introdução



Na verdade, "laranja cravo" é aquele tipo de laranja em gomos, em outras localidades eu creio que é chamada de tangerina, mas o termo em si é mais usado no nordeste, e como eu sou nordestino gostei do nome para batizar meu blog. É a mesma coisa de "girimun" e abóbora, são a mesma coisa, mas com denominações completamente diferentes. Há muito venho pensando em criar um página, mas não sabia especificamente de quê! Até que decidi falar de tudo, tudo mesmo, da vida em seu cotidiano, dos filmes, dos livros, dos sorrisos... Um blog para compartilhar, até porque nada mais propício já que estou me graduando em jornalismo, mas sempre gostei de escrever. Então essa página não terá definição, não será preto ou branco, terá de tudo um pouco! Meu nome é Erick Marques, tenho 23 anos, adoro falar comigo mesmo e com os meus amigos e moro em João Pessoa no estado da Paraíba, terra que acho muito quente mas amo mesmo assim. Sejam bem vindos!

Obs: Acho que se houvesse alguma adaptação de "Laranja Mecânica" no Nordeste, certamente se chamaria "Laranja Cravo", e ao invés de Beethoven, o responsável pela trilha sonora seria Jackson do Pandeiro!