Márcio Ueoka é natural de Curitiba, mas veio parar no lugar mais próximo da linha do Equador em 2011, cursando moda em João Pessoa. Em 2012 concluiu o curso, mas outra vertente da arte falou mais alto: A ilustração. Márcio é um ilustrador de pulso firme, materializa o que vem na mente sempre transitando entre o lápis e o pincel, descobri que essa é uma vontade que vem desde a infância do artista e agora potencializada com a sua namorada Talita Asami que juntos formaram a "Monogamy Art", essa mistura ficou ainda mais homogênea! Aliás ambos são descendentes de japoneses e se conheceram no Japão, depois de um hiato, reataram o contato aqui no Brasil. Vamos descobrir mais desse universo envolto por aquarelas e ideias que nos fazem transformar o que esta no papel (ou em qualquer outra plataforma) em realidade:

O céu estava confuso, não se sabia se ia chover ou se o sol ia prevalecer, ainda tinham muitas nuvens no céu quando eu e Márcio nos sentamos numa mesa próxima a piscina para batermos um papo numa tarde agradável de João Pessoa. Márcio estava com os cabelos longos e escuros soltos, óculos de armação marrom e preta, bermuda azul marinho e uma regata com uma estampa da banda "Led Zeppelin":
O céu estava confuso, não se sabia se ia chover ou se o sol ia prevalecer, ainda tinham muitas nuvens no céu quando eu e Márcio nos sentamos numa mesa próxima a piscina para batermos um papo numa tarde agradável de João Pessoa. Márcio estava com os cabelos longos e escuros soltos, óculos de armação marrom e preta, bermuda azul marinho e uma regata com uma estampa da banda "Led Zeppelin":
LC - Como a "Monogamy Art" começou?
MU - Tudo começou no final de 2013 quando eu e Talita voltamos a nos falar e eu estava meio que sem saber o que ia fazer da vida, mas eu estava desenhando muita coisa e depois de ver alguns artistas como referência eu disse pra mim mesmo que era possível viver de arte, ela também já desenhava, então um inspirou o outro na vontade de fazer isso. Ela morava em São Paulo, então finalmente em 2014 ela se mudou pra cá, daí surgiu essa mistura, eu não usava cor nas minhas ilustrações e ela sim, disso surgiu a ideia de um projeto colaborativo entre nós dois.
LC - E porque esse nome?
Na verdade, a nossa primeira ideia foi ilustrar animais monogâmicos e já faz uma alusão a nós dois como um casal e dupla de artistas.
LC - Que tipo de material vocês usam nas ilustrações?
MU - Nós usamos bastante materiais, mas geralmente eu foco mais no nanquim e ela na aquarela, ás vezes guache ou grafite... Isso quando estamos na plataforma do papel, mas existem inúmeras outras plataformas, já trabalhamos até com madeira inclusive... uma infinidade de materiais!
LC - Vocês resgatam personagens antigos que remetem a infância dos anos 90, como surgiu essa releitura e qual é a resposta do público que viveu essa década?
MU - Isso esta bem ligado ao início também, ao "porque que eu comecei a desenhar" sabe, quando eu era criança e via desenhos como "Dragon Ball Z", "Cavaleiros do Zodíaco", "Sakura Card Captors", e foi aí que eu comecei a desenhar algumas coisas, gostava de desenhar o Goku entre outros personagens. E agora com um traço bem definido eu pensei em resgatar esse assunto. E a galera responde muito bem, principalmente quando reconhecem personagens mais famosos como a releitura que nós fizemos de "As Meninas Superpoderosas" que foi bem divertido de fazer, fizemos alguns personagens de video-games também. É um tema que eles se identificam, até porque o público alvo dessas ilustrações é a galera que tem a idade da gente, que cresceu naquela época.
LC - Qual a influência da cultura japonesa no trabalho de vocês?
MU - É bem grande, na Talita é bem forte o mangá, pois o traço é mais delicado, os olhos são típicos desse estilo. Eu ultimamente estou buscando mais as pinturas antigas, as xilogravuras e pinturas mais tradicionais que eles usavam tentando uma adaptação para o meu traço, o "ukiyO-e" é um exemplo disso (movimento artístico), a maior referência é "A grande onda" (gravura tradicional). Também gostamos dos personagens clássicos da cultura japonesa, Gueixas e Samurais sempre estão presentes no nosso trabalho... O que nos inspirou a desenhar a princípio foram as animações japonesas. Ser artista esta muito ligado com o que você era na infância, toda criança pega um lápis pra desenhar, então automaticamente nós temos essa ligação com esses personagens que rondaram o nosso imaginário na infância.
LC - Além de tudo, vocês também fazem workshops, como funciona essa didática de ensinar ilustração?
MU - É interessante porque a gente sempre acha que não sabe de nada, e eu tenho essa vontade de trabalhar com ensino mesmo. Então Gabriela Maroja da escola de cursos "Casa Livre" conheceu o nosso trabalho e perguntou se nós não gostaríamos de ministrar algum curso, gostamos da ideia e aceitamos! Ensinamos o básico para pessoas que tem receio de aprender, ou se sentem desconfortáveis, até porque a objetivo do workshop é fazer com que a pessoa se sinta confortável com o próprio traço, não é para impressionar ninguém, mas sim para se surpreender com o próprio potencial que muitas vezes tava escondido ali!
LC - Vocês ensinam o que no workshop?
MU - Técnicas com nanquim e aquarela no geral.
LC - Como você enxerga a cena artística da cidade de João Pessoa?
MU - Eu vejo que tem bastante artista aqui, atuando em áreas distintas, ilustradores, designers, fotógrafos... Só que ás vezes eu não sei se é individualismo de cada, mas eu não vejo uma união! É foda porque todo mundo fala mas ninguém se mexe, eu não vejo motivação para os artistas daqui se juntarem para bolar algo maior e valorizar a arte... Mas vejo muito potencial!
LC - Mas você acha que esse individualismo artístico é cultural?
MU - Eu acho que é mais cultural sim, mas também tem aquela coisa de guardar "aquilo" só pra ele, no sentido de exclusividade, parece que é um medo de concorrência constante! Eu acho que mais válido seria ter cada vez mais união nesse aspecto, compartilhar mesmo.
LC - Agora me diga uma música, um clipe, um filme e um livro que te inspiram na hora de colocar a mão na massa (ou pincel haha)!
MU - Curto muito a música "Under Cover Of Darkness" do "The Strokes", os filmes do "Studio Ghibli" são sensacionais, fico impressionado com a quantidade de detalhes nos movimentos, mas se for pra escolher uma animação seria "Princesa Mononoke"! Leio muitos mangás, o meu favorito é "Samurai X" e tem dois clipes que eu gosto muito: "The 1975 - Robbers" e "Breaking The Habbit" do "Linkin Park"!
Saca só esse vídeo mostrando o processo criativo de uma série de adesivos idealizados pela Monogamy!
Valeu Márcio! Quer saber mais sobre a "Monogamy Art"?! Se liga e segue nas redes sociais também:
Insta - @monogamyarts