Fievel Flávio é um artista marcante, daqueles que te fazem reconhecer suas ilustrações onde quer que estejam, natural de Itapororoca no interior da paraíba ele veio morar pela primeira vez em João Pessoa no ano de 2007 mas logo depois acabou voltando para a sua cidade natal, e só em 2013 se estabeleceu na capital. De olhares penetrantes, de dialetos populares e entre descaradas aquarelas, Flávil nos revela mais do que se passa em sua mente e nos situa no seu processo de criação que já estava enraizado desde a sua infância:
LC - Flávio, quando foi que você começou a se interessar pela ilustração?
FF - Comecei a desenhar ainda na infância, era constante o exercício de rabiscar papel, e
fazia porque achava divertido. Conforme fui crescendo, cultivava como hobby, mas não
havia muito estímulo, nem orientação. Penso que na época de escola, poderia ter sido
melhor direcionado a trabalhar essa habilidade artística, mas não aconteceu. Talvez por
isso, mais tarde na adolescência, eu tenha deixado de lado essa aptidão, que hoje
percebo como vocação. Alguns anos depois, eu ingressei no curso de Design de Produto
da UFPB, e lá consegui me reconectar, ainda que pouco, com o prazer de desenhar.
Haviam oportunidades diferentes de conhecer novos materiais e técnicas, mas eu não
conseguia ir muito além de atender as tarefas que as disciplinas de desenho
propunham, era apenas técnico, além disso eu me impunha contra a ideia de me aceitar
como artista, por medo de fracassar. Na metade do curso, meu desinteresse com a área
industrial do design gritava de frustração, e acabei por ir cursar Design Gráfico no IFPB,
onde foi possível me aproximar mais do que me instigava, e as disciplinas que permitiam
um envolvimento com arte eram mais frequentes. Mas foi no tédio das aulas teóricas,
que consegui destravar essa minha satisfação em criar arte. Lembro com clareza de
pegar nanquim e papel e parir uma ilustração alí mesmo no meio de uma aula, apenas
com a pretensão de fazer o tempo passar mais rápido, de lá pra cá não parei mais. Havia
uma maneira de exteriorizar minhas ideias e eu iria tirar proveito. Então, apesar dessa
trajetória, cambaleante, é a partir desse episódio em específico, que surgiu meu
interesse e aceitação por ser ilustrador.
LC - Você geralmente introduz frases nas ilustras, cria personagens, e se auto-retrata
neles. O quão a cultura regional tem influência no seu trabalho?
FF - Frequentemente tento retratar algumas lembranças da minha infância, coisas que
cativo na memória. Como cresci no interior, onde as características regionais são bem
fortes, automaticamente isso é trazido pro meu trabalho, a partir dessa tentativa de
evocar nostalgia.
LC - Quais são os principais materiais que você usa para desenhar?
FF - Meus trabalhos são quase que unicamente manuais, então sempre uso papel, aquarela
e nanquim e raramente lápis de colorir.
LC - Qual a sensação de expor o seu trabalho e geralmente qual é a reação das pessoas?
FF - Eu gosto e tenho satisfação de expor meu trabalho. Lidar com as pessoas é interessante,
ver as reações, e as maneiras com que se conectam com os personagens, é a parte de
que mais gosto em mostrar as ilustrações.
LC - Além de criações próprias, você também ilustra personalidades que ganharam
visibilidade na internet como Inês Brasil e Mulher Pepita. Elas viram as suas ilustrações e
você recebeu feedback delas?
FF - Rsrsrs. A Mulher Pepita é a melhor, gostaria de ter feito um desenho mais elaborado
desse ícone, mas ela recebeu com muita atenção e me deu uma resposta muito
carinhosa. A caricatura da Inês Brasil, é uma arte que gosto muito tecnicamente. Ela
repostou no instagram e eu recebi reações positivas, mas muitas críticas também. Foi
interessante, no mínimo.
LC - Atualmente você está trabalhando em algum projeto? O que podemos esperar?
FF - Geralmente eu trabalho mais em conjuntos de ilustrações, que são mais soltas e
experimentais. No momento, tô trabalhando vagarosamente no meu TCC, onde o
produto final será um livro ilustrado, e sinto que será bem especial.
LC - Agora para fecharmos, uma pergunta padrão que eu sempre faço aos meus
entrevistados: Me diga uma música, um clipe, um filme e um livro que te inspiram na
hora de criar!
FF - Música: Azealia Banks - Along The Coast
Clipe: Grimes - Kill V. Maim
Filme: A Hora da Estrela
Livro: O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares
Que explosão de cores e ideias! Quer saber mais sobre Fievel? Segue lá no insta:
@fievelflavio