terça-feira, 14 de março de 2017

Entrevista com o vampiro apresenta: Fievel Flávio

Fievel Flávio é um artista marcante, daqueles que te fazem reconhecer suas ilustrações onde quer que estejam, natural de Itapororoca no interior da paraíba ele veio morar pela primeira vez em João Pessoa no ano de 2007 mas logo depois acabou voltando para a sua cidade natal, e só em 2013 se estabeleceu na capital. De olhares penetrantes, de dialetos populares e entre descaradas aquarelas, Flávil nos revela mais do que se passa em sua mente e nos situa no seu processo de criação que já estava enraizado desde a sua infância:


LC - Flávio, quando foi que você começou a se interessar pela ilustração?
FF - Comecei a desenhar ainda na infância, era constante o exercício de rabiscar papel, e
fazia porque achava divertido. Conforme fui crescendo, cultivava como hobby, mas não
havia muito estímulo, nem orientação. Penso que na época de escola, poderia ter sido
melhor direcionado a trabalhar essa habilidade artística, mas não aconteceu. Talvez por
isso, mais tarde na adolescência, eu tenha deixado de lado essa aptidão, que hoje
percebo como vocação. Alguns anos depois, eu ingressei no curso de Design de Produto
da UFPB, e lá consegui me reconectar, ainda que pouco, com o prazer de desenhar.
Haviam oportunidades diferentes de conhecer novos materiais e técnicas, mas eu não
conseguia ir muito além de atender as tarefas que as disciplinas de desenho
propunham, era apenas técnico, além disso eu me impunha contra a ideia de me aceitar
como artista, por medo de fracassar. Na metade do curso, meu desinteresse com a área
industrial do design gritava de frustração, e acabei por ir cursar Design Gráfico no IFPB,
onde foi possível me aproximar mais do que me instigava, e as disciplinas que permitiam
um envolvimento com arte eram mais frequentes. Mas foi no tédio das aulas teóricas,
que consegui destravar essa minha satisfação em criar arte. Lembro com clareza de
pegar nanquim e papel e parir uma ilustração alí mesmo no meio de uma aula, apenas
com a pretensão de fazer o tempo passar mais rápido, de lá pra cá não parei mais. Havia
uma maneira de exteriorizar minhas ideias e eu iria tirar proveito. Então, apesar dessa
trajetória, cambaleante, é a partir desse episódio em específico, que surgiu meu
interesse e aceitação por ser ilustrador.


LC - Você geralmente introduz frases nas ilustras, cria personagens, e se auto-retrata
neles. O quão a cultura regional tem influência no seu trabalho?
FF - Frequentemente tento retratar algumas lembranças da minha infância, coisas que
cativo na memória. Como cresci no interior, onde as características regionais são bem
fortes, automaticamente isso é trazido pro meu trabalho, a partir dessa tentativa de
evocar nostalgia.


LC - Quais são os principais materiais que você usa para desenhar?
FF - Meus trabalhos são quase que unicamente manuais, então sempre uso papel, aquarela
e nanquim e raramente lápis de colorir.
LC - Qual a sensação de expor o seu trabalho e geralmente qual é a reação das pessoas?
FF - Eu gosto e tenho satisfação de expor meu trabalho. Lidar com as pessoas é interessante,
ver as reações, e as maneiras com que se conectam com os personagens, é a parte de
que mais gosto em mostrar as ilustrações.


LC - Além de criações próprias, você também ilustra personalidades que ganharam
visibilidade na internet como Inês Brasil e Mulher Pepita. Elas viram as suas ilustrações e
você recebeu feedback delas?
FF - Rsrsrs. A Mulher Pepita é a melhor, gostaria de ter feito um desenho mais elaborado
desse ícone, mas ela recebeu com muita atenção e me deu uma resposta muito
carinhosa. A caricatura da Inês Brasil, é uma arte que gosto muito tecnicamente. Ela
repostou no instagram e eu recebi reações positivas, mas muitas críticas também. Foi
interessante, no mínimo.
LC - Atualmente você está trabalhando em algum projeto? O que podemos esperar?
FF - Geralmente eu trabalho mais em conjuntos de ilustrações, que são mais soltas e
experimentais. No momento, tô trabalhando vagarosamente no meu TCC, onde o
produto final será um livro ilustrado, e sinto que será bem especial.



LC - Agora para fecharmos, uma pergunta padrão que eu sempre faço aos meus
entrevistados: Me diga uma música, um clipe, um filme e um livro que te inspiram na
hora de criar!
FF - Música: Azealia Banks - Along The Coast
Clipe: Grimes - Kill V. Maim
Filme: A Hora da Estrela
Livro: O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares


Que explosão de cores e ideias! Quer saber mais sobre Fievel? Segue lá no insta:

@fievelflavio








sexta-feira, 3 de março de 2017

Logan (2017)

Entre garras e despedidas



Para Luseni Machado

Me lembro como se fosse hoje, o ano era 2000 e o primeiro filme dos X-Men estava sendo lançado, eu tinha apenas sete anos e insisti muito para que a minha avó me deixasse assisti-lo no cinema, e ainda bem que ela deixou, se não eu não estaria escrevendo essa resenha/ experiência com esses mutantes fantásticos hoje em dia, mas tudo isso também graças ao meu tio, que sempre tinha um gibi na mão e um baú preto enorme repleto das mais variadas maravilhas que eu e o meu irmão explorávamos na infância. Á partir desse dia, virei fã, na época minha mãe até comprou uma boneca da Tempestade (interpretada por Halle Berry) e eu vibrei com aquilo, aluguei o VHS (sim, nada era melhor do que a emoção de ir em uma videolocadora), recentemente até comprei o Blu-Ray, faço isso com os filmes que tem história e emoção.


Mas de todos os personagens da trama um me chamou mais atenção, um carcaju rabugento e briguento que fuma charutos e adora uma "pinga" no bar chamado Wolverine. Interpretado pelo ator Hugh Jackman, ele não é o típico herói, ele não é o típico mocinho, muito menos o vilão, ele é um enigma, enigma esse que vem sendo desvendado durante todos os filmes da franquia e só agora foi descoberto em "Logan". Ontem fui na estréia para fechar o clico que começou há 17 anos (tudo isso já???), fui de coração aberto e pronto para ver o melhor Wolverine de todos, e o achei! Desde o começo a divulgação do filme foi incomum (principalmente se tratando de super-heróis), o painel da Fox na CCXP 2016 era repleto de fotos preto e branco, mostrando as fotografias sóbrias e a proposta da película, fora o trailer que traz na trilha a música "Hurt" de Johnny Cash que já dava toda uma atmosfera emocional. O diretor do longa, James Mangold, disse que queria fazer um filme que honrasse a verdadeira essência do personagem, que mostrasse para o público o ser humano por traz do herói: "Queríamos deixar algumas questões. Para fazer um Logan diferente, e um tom diferente de um filme do Wolverine, sentimos que não dava para se apegar com todas as tradições estabelecidas nos filmes anteriores religiosamente, senão estaríamos presos em decisões tomadas antes de nós." A intenção principal não era agradar a todos, porém agradou e emocionou.
No cinema vi pessoas de todas as idades, até crianças, a sala estava lotada e todos se emocionaram principalmente nas cenas em que o Professor Xavier (Interpretado brilhantemente desde o primeiro filme pelo excelente Patrick Stewart) aparecia, a relação dele com Logan é de pai para filho. E por falar em laços, a raivosa atriz-mirim Dafne Keen que interpreta "X-23" é mais um destaque. A atmosfera do filme é apocalíptica, muito inspirado nos clássicos do faroeste americano. 


Já se passou muito tempo, "X-Men 2" (2003), "X-Men 3: O Confronto Final" (2006), "X-Men Origens: Wolverine" (2009), "X-Men: Primeira Classe" (2011) "Wolverine Imortal" (2013), "X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido" (2014), "X-Men: Apocalipse" (2016) e Logan se aposenta, o ator Hugh Jackman já disse que esse é o fechamento do ciclo, sua última vez na pele do carcaju, sua cartada final, Patrick Stewart também, e que bela cartada e trajetória os dois fizeram até aqui. Logan é sobre o medo, sobre confiança, sobre receio, sobre afeto e principalmente sobre a família e o amor que nos move e nunca nos faz desistir, mesmo que pareça que não existe mais esperança, ela está ali. Ao terminar o filme, as luzes se acenderam, eu me despedi de um velho amigo que me acompanhou na infância, adolescência e agora vida adulta, me emocionei e me emociono ainda mais escrevendo esse texto.


Wolverine, Logan, Hugh vocês fizeram parte da minha vida, vocês foram os super-heróis que me confortaram e me emocionaram, e viram como a família está entrelaçada nessa situação toda? Mãe, vó, irmão, tio obrigado por tudo. E mais uma vez obrigado Hugh Jackman, por ter fechado com chave de ouro a sua trajetória brilhante como o herói que você realmente é.


É muita história! Saca só o clipe da música "Hurt" do Johnny Cash, que faz parte da trilha do filme:




De emocionar! Logan está em cartaz em todos os cinemas do Brasil, em breve mais novidades! Aguardem.