quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Telas cada vez menores


Há 119 anos os irmãos Lumière exibiram o primeiro filme da história, mais precisamente em 28 de dezembro de 1895, na cidade de La Ciotat, no sudeste da França. Grande parte das suas produções eram documentários curtos, que eram exibidos com o primeiro equipamento criado por eles, o cinematógrafo.

De lá pra cá, muita coisa mudou em termos de avanço de som e imagem, mas o princípio é o mesmo: contar uma história e conquistar o público. Quem diria que na primeira exibição pública do filme "L'Arrivée d'un train à La Ciotat" (A Chegada do Trem na Estação) lá em 1896, o público fugiria da sala acreditando que o trem sairia da tela? Era o cinema iniciando o seu encanto. Hoje em dia, temos salas equipadas com os melhores sistemas de som, o precursor disso foi ninguém menos que Walt Disney, com o filme Fantasia, lançado em 1940. Disney queria que o público tivesse uma experiência totalmente sensorial assistindo ao filme, por ser uma obra em que a música sinfônica tem uma importância enorme, então os engenheiros da empresa desenvolveram o sistema "Fantasound", um esquema que espalhava diferentes sons em diversas partes do ambiente, e é exatamente isso que fazem os sistemas de som 'surround' que usamos até os dias de hoje.

Muitas mídias já foram utilizadas para reproduzir os nossos filmes favoritos, eu mesmo era frequentador assíduo das videolocadoras na infância, alugava sempre os mesmos filmes e nunca cansava, justamente por não ser tão acessível. Nos dias de hoje, á qualquer hora e lugar podemos assistir aos nossos filmes favoritos. As telas foram diminuindo: cinema, TV, notebook, celular (até hoje não sei como alguém consegue apreciar uma produção em telinhas tão minúsculas, tentarei um dia!). A acessibilidade e os "torrents" se manifestaram, muitas opções ao mesmo tempo, muita rapidez, todo dia uma serie nova, é frenético... Tudo que vem fácil, vai fácil. Muitas vezes quando as opções são tantas e a facilidade é tamanha, não temos tempo de realmente apreciar uma obra, de ter uma sensibilidade com aquilo que está sendo mostrado ou deixar que ela nos marque. Acho importante que a cultura do cinema seja acessível, mas que também o seja DENTRO DO CINEMA, que os amassos nunca deixem de acontecer, que o pretexto para ver os amigos e assistir aquele filme (que todo mundo sabe que não é grande coisa) mas que serviu para reunir e tirar umas boas gargalhadas, nunca desapareçam. Cinema é cultura. Cinema é geração. E que nunca, jamais, em hipótese alguma, permitiremos que as histórias contadas nas telonas (ou nas telinhas, eu me rendo...) parem de tocar os nossos corações, afinal, a arte imita a vida, e a vida imita a arte!!!

"No escurinho do cinema, chupando drops de aniz, longe de qualquer problema, perto de um final feliz..."

Cão dos Inferno


Engraçado como eu sempre penso em um título 'esdrúxulo' para os meus textos, é sempre a primeira opção, esse mesmo por exemplo foi o que melhor traduziria o conteúdo desta crônica que eu vos escrevo. Será que não é muito sincero? Tendo em vista que sinceridade está igual ao Pulma do Leste, oficialmente extinto. Foda-se.

Ele acordou como se comandasse os nove círculos do inferno, se pudesse definir o seu dia em cores, elas seriam vermelho, preto e vinho com pitadas de bordô. Ligou a vitrola e tocou um disco de Vivaldi, nada melhor do que 'musique classique' para começar bem o dia e tramar um plano maligno, digno de um vilão de cinema, daqueles que nós amamos odiar. Olhou para o céu e lembro dela. Ele e ela jogaram um jogo muito perigoso: o do amor. Na verdade, era o jogo favorito dele, que adorava os poemas "Wildanos", 'très romantique', talvez funcionassem no século XIX, aliás, talvez ainda funcionem para algumas pessoas, mas são tempos difíceis.
Será que ele realmente havia gostado dela? Ou tudo não passou de um 'rendez-vous'  passageiro? Daqueles que se a união tivesse se concretizado, seria puro tédio e mediocridade, quer dizer, o "gás" todo estava no perigo, nos conflitos e emoções gerados por aquela "união impossível", coisa de filme francês.

O GÁS ERA HÉLIO, E ELE SÓ DESCOBRIU DEPOIS. DEMOROU.
Antes tarde, do que nunca.

PUTA. PROSTITUTA. PROSTITUTA. RAPARIGA. QUENGA. RAPUTENGA.

Pegou um Marlboro, e o primeiro trago foi como se fosse a vida, quando soltou a fumaça, expulsou o que havia dela dentro dele.

PROSTITUTA.

Sabe quando você vai cozinhar, e não precisa ser nada muito elaborado, um miojo pro exemplo. Enquanto mexe o macarrão na água fervendo pensa na vida, profere blasfêmias de amor. É lento, muito lento.
Se sente a Glenn Close, em 'Ligações Perigosas', só falta o vestido renascentista e o Visconde de Valmont.
PLANOS DIABÓLICOS.
Aí você come o miojo, como é bom.
 Lá no fundo, agimos por sentimentos nobres: amor e paixão. Mas no que isso se transformará, ninguém sabe, mesmo que tudo vire amargura e revolta, depois da CONFUSÃO vem a LIBERTAÇÃO.

Mais um Marlboro.