terça-feira, 13 de setembro de 2016

Entrevista com o vampiro apresenta: Ary Régis Lima

Ary Régis é um daqueles artistas que você precisa conhecer, natural de João Pessoa, ele enche nossos olhos das mais diversas maravilhas. Fotógrafo, contador de histórias pelo olhar, Ary cria o seu universo confabulando conceitos e histórias que nos fazem viajar pela sutileza de seu trabalho, compondo personagens e jardins cheios de emoção envoltos de magia e fantasia. É uma honra para mim estrear minha série "Entrevista com o vampiro" com um artista tão singular! Bom, vamos saber mais e finalmente adentrar em seu jardim dos sentidos:



LC - Ary, quando foi o seu primeiro contato com a fotografia?
Primeiramente #foratemer. Segundo, parabéns pela iniciativa de criar o Blog, Erick. É muito bacana e importante ter um espaço para divulgar e enaltecer cultura, arte e processos criativos. E obrigado pelo contive. Então, como vim do desenho, das artes plásticas, ilustrações de livros para mim sempre funcionaram como sintetizadoras de ideias. Podiam traduzir toda a essência de um texto apenas em uma imagem. Daí na época do velho Fotolog, muito mais do que publicar fotos, eu queria criar imagens que ilustrassem as ideias dos textos que eu escrevia. Foi aí que eu comecei a fotografar, produzir imagens. Algo bem parecido com o que faço hoje, mas sem a menor pretensão. Naquela época nem imaginava que fosse um dia virar fotógrafo. Achava que era uma coisa muito distante e complexa.

LC - Em que momento então caiu a ficha de que você havia se tornado fotógrafo?
Foi quando eu fotografei meu primeiro ensaio, pensado mesmo para ser um material fotográfico mais sério. Um amigo queria descolar uns trampos como modelo e eu me ofereci para dar uma força, fazer as fotos. Mas só quando terminou, que eu abri as fotos no computador, foi que caiu a ficha, pensei: “Acho que eu sei fazer isso”. E fui me encorajando a fazer outros experimentos.  



LC - Como você vê o cenário artístico de João Pessoa?
Então... apesar de já ter participado de alguns eventos, exposições coletivas, não me sinto com propriedade para opinar sobre (sendo bem Glória Pires no momento kkk). Até porque dentro do que eu faço, me sinto um pouco deslocado, saca? O meu processo nasceu na Web, só depois que partiu para o plano físico. Sou novo nas quebradas kkkkk. Mas existe uma sensação que é a de que existe muita potência criativa, porém cada um no quadrado do seu Ego, não sinto que exista um movimento, uma cena artística enquanto coletivo, pessoas dialogando sobre o fazer arte, sabe? Ao menos eu não conheço.



LC - Como é o seu processo criativo geralmente?
É sempre muito intuitivo. Eu até já fiz coisas onde sentei para pesquisar, conceituar, planejar. Mas os projetos que me deixam mais apaixonados são os que surgem à partir da intuição, mesmo. É quando eu ainda não sei no que vai resultar, mas à medida que vou produzindo, a coisa vai tomando corpo, ganhando forma. É como um mosaico feito de pequenos lampejos de inspiração, criando aos poucos um painel imagético que antes de qualquer coisa, diz muito mais sobre mim mesmo.
  
LC - Como você definiria então o trabalho que você faz hoje?
Voltando sobre o Fotolog, naquela época eu fui percebendo que a imagem, enquanto fotografia, ilustração e afins, tinha uma potência gigantesca que podia muito mais do que se propunha, por ter uma disseminação instantânea, alcançando um maior número de pessoas que qualquer outro tipo de arte. Mas só anos depois, inclusive depois de uma breve passagem pelo Teatro, eu fui descobrindo dentro do meu processo de ‘produzir imagem’, que eu poderia criar um produto híbrido, que tivesse um pouco de artes plásticas, do meu olhar sobre a beleza, da estética de moda vestindo uma certa teatralidade ou não, sem a pretensão de ser arte, mas com referências de arte. Com a leveza do entretenimento, mas esmero profundo em sua feitura. Acho que é por aí. A gente vive numa época onde tudo é tão veloz e as coisas precisam acontecer parece que todas ao mesmo tempo, que eu não acredito mais na arte que ficou presa nos redutos clássicos, sabe. Hoje penso que a arte tem que ir atrás do seu público. O cantor que disponibiliza o álbum para download free, que vende o cd na banca de revista, no teatro que é feito na rua, em exposições de arte montadas em espaços públicos.



LC - Quem te inspira no momento e porque? 
Lady Gaga, sempre. Porque sinto que ela precisa da arte para manter uma certa sanidade, saca? E eu me identifico porque se não estiver fazendo nada que envolva processos criativos, minha vida vira um tédio sem fim. O mundo é muito chato, viver é uma mesmice. Então preciso sublimar essa realidade dentro de algum processo criativo que me transporte uma dimensão mais divertida.


LC - Qual foi o trabalho mais complexo em termos de criação e execução? 
Todo trabalho tem um nível de complexidade, mas como eu tenho sempre uma visão aérea do todo, e um certo domínio da execução de suas camadas, nada me soa muito dificultoso, não. Agora, posso citar um desafio que foi um ensaio que fotografei a pedido de um amigo, onde eu só conheci a modelo na hora de fazer as fotos e o detalhe que ela estava passando por um processo de quimioterapia por conta de um câncer. Foi a primeira vez que eu não fazia a mínima ideia do que fazer e por onde começar. Mas a gente tinha uma praia bem a nossa frente e o mar é sempre uma ferramenta muito inspiradora, tanto que tudo foi fluindo de forma orgânica, aos poucos. Posso dizer que é um dos trabalhos mais sensíveis e tocantes.

LC - Pra fechar, me diga uma música, um clipe, um filme e um livro que te inspiram!
Vou citar duas músicas que também são dos clipes que mais me inspiram: "Ride" da Lana DeL Rey e "Marry The Nigth" da Gaga. "As Horas" é um filme mega deprê, mas que eu amo, até pelo fato de ser o filme adaptado do romance que supera a obra escrita. Caso raro, né? E livro, "O Alquimista" do Paulo Coelho, que sempre traz a velha máxima de que só somos felizes quando seguimos a nossa lenda pessoal. Não é o melhor livro que já li, mas o que mais me inspira.



Falou e disse Ary! Quer saber mais?
Insta - @aryregis

@bloglaranjacravo

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