segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Mãe (2017)


Conheci o trabalho de Darren Aronofsky em 2010, quando o diretor lançou um de seus filmes mais conhecidos, "Cisne Negro", estrelado por Natalie Portman. Na época, cheguei a assisti-lo (se não me falha a memória) três vezes no cinema e até participei de uma roda interativa para discernir sobre o figurino da produção com alunos do curso de Design de Moda.
Cada vez mais fui me atentando ao trabalho do cineasta, responsável também por "Requiem para um sonho" (2000), estrelado por Jared Leto e "O Lutador" (2008) com Mickey Rourke; se aventurando também no mundo dos quadrinhos com a Graphic Novel "Nóe" (2014).



Eis que após algumas tentativas de ver o seu mais novo longa, intitulado simplesmente de "Mãe", eu finalmente consegui. Apesar de ter visto o trailer algumas vezes, eu realmente não sabia do que se tratava o filme (ainda bem, o Marketing foi inteligente, além de surpreender o espectador), me surpreendi. A produção estrelada por Jennifer Lawrence e Javier Bardem nos prende, mas é preciso se permitir envolver por tudo que acontece na tela.
É repleto de camadas e detalhes que depois são descaradamente jogados na cara de quem assiste em sequência frenética de acontecimentos.
Eu me vi tendo as mesmas reações da protagonista, reação essa que também é proporcionada pelo artifício da "câmera em primeiro plano" usada por Aronofsky, inclusive em "Cisne Negro". Drama, suspense e terror psicológico estão presentes na onda absurda, surreal, que também conta com Michelle Pfeiffer e Ed Harris no elenco. Faz uma crítica a obsessão pela fama, até que ponto a loucura e alienação afetam o nosso ser? Ânsia pela aceitação e visibilidade. Tema bastante recorrente nos dias de hoje.
Interessante notar que, até um aparelho celular (atual) aparecer em cena, eu não sabia exatamente em que época o longa era adaptado, questionamento esse que é causado pelos figurinos, objetos de cena, móveis antigos... O casal não possui nem sequer uma televisão em casa, não sei se foi intencional, poderia se passar muito bem em algum momento do começo do século passado. Sexismo e opressão feminina são temas recorrentes, agora mais do que nunca, Aronofsky os aborda; outro motivo para a minha dúvida em relação a linha do tempo, era mais comum o sexo feminino se submeter ao masculino em épocas remotas.


No cinema, vi todo tipo de reação: um casal saiu da sala pouco antes da metade do filme (uma pena), outro reclamou dizendo que queria o dinheiro do ingresso de volta, algumas refletindo sobre o que acabaram de ver... Mas o que foi unânime foi a discussão sobre o que se passou na tela.
Enquanto descia as escadas, observei que todos estavam confabulando entre si sobre o que tinham absorvida e suas devidas interpretações acerca dos acontecimentos.
Imbuido de referências bíblicas e relances do pintor contraditório espanhol Francisco Goya, "Mãe" é um verdadeiro apocalipse que começa silencioso, assim como a maioria das tragédias da humanidade.
Dividiu opiniões, iniciou discussões. Amar ou odiar. Esse é o papel da arte na sociedade.
O fazer pensar.


@bloglaranjacravo






2 comentários:

  1. Interessante! Espero assistir em breve.. e engraçado como tem pessoas que não admitem que um filme possa causar sentimentos contraditórios ne? Acho que por mais ruim que um filme seja, só o efeito de fazer surgir um novo sentimento já é válido para si.. tudo o que nos leva ao questionamento é válido, pois se as coisas ao nosso redor apenas concordassem conosco, nunca aprenderíamos... beijos de luz Erick :*

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